quarta-feira, 13 de abril de 2011

Discussão sobre modelos mentais na concepção das ciências (enfoque tecnológico para desenvolvimento de sistemas do conhecimento)


UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E GESTÃO DO CONHECIMENTO
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO A CIÊNCIAS DA COGNIÇÃO

MODELOS MENTAIS
Discussion Paper
 Viviane Schneider - Mestrado
  Introdução
O presente paper tem o intuito de apresentar uma representação sobre modelos mentais, que consiga abranger um consenso entre os pesquisadores. Tendo como ponto de partida de pesquisa os autores Doyle e Ford (1998), em seu artigo Mental Models Concepts for System Dynamics Research, este trabalho foi desenvolvido a partir dos tópicos: características dos modelos mentais, suas definições existentes e síntese de definições sobre modelos mentais.
Desenvolvimento
       Definir uma síntese do que sejam modelos mentais exige uma “varredura” nas definições existentes, com o intuito de apresentar uma dinâmica conceitual que possa ser compartilhada em diversas disciplinas. Esta abordagem visa beneficiar a capacidade de 
técnicas e resultados de pesquisas inter e trans disciplinares.  Para iniciar o entendimento do tema serão verificadas as características dos modelos mentais.

·         O modelo mental é geralmente distorcido em relação a realidade. Sua representação geralmente é incompleta porque nossas informações acerca do real também o são.
·         O modelo mental é inconstante devido a propriedade humana que está em constante modificação.
·         Modelos mentais são muito simples em relação a realidade. Esta simplicidade é intencional, pois facilita o entendimento.
·         Partes do modelo podem ser alteradas, excluído ou adicionado em uma escala de tempo de minutos ou segundos. Seus detalhes podem mudar a todo instante.
·         São baseados em conceitos e idéias nascidas da percepção interpretativa do mundo.
·          Possuem diferentes estruturas cognitivas que servem a propósitos diferentes. (Doyle e Ford,1998).
·         Buscam prever o funcionamento de determinado artefato ou aspecto do mundo físico[1]
  Tendo em vista as características selecionadas a discussão segue elencado abaixo algumas definições existentes na literatura a cerca do tema modelos mentais:
·         Ainda em MARIN (2009[2]), modelos mentais são formas de conhecimentos humanos adquiridos para nos possibilitar entender processos e elementos do mundo físico. O autor ressalta que este termo foi definido por Craik em 1943, no livro The Nature of Explanation. Um exemplo seria quando tentamos ler algum artigo em uma língua desconhecida. Para o compreendermos buscamos nossos modelos mentais a respeito do seu tema, pelas imagens ou palavras cognatas contidas no texto. Desta forma tentamos preencher as lacunas do conhecimento precário que possuímos da língua nova.
·         Pode ser considerado a imagem mental do mundo que nos rodeia, e que carregamos em nossas cabeças em forma de um padrão.
·         Relações de conceitos selecionados usados para compreender elementos e fenômenos reais (Doyle e Ford,1998).
·         Mapa de um sistema cognitivo, formado por nossas crenças sobre a rede de causas e efeitos que descrevem seu funcionamento (Sterman, 1994, p. 294 em Doyle e Ford,1998).
·         São, portanto, uma forma de representação que faz analogia com o conhecimento: correspondência direta entre entidades e relações presentes na estrutura dessa representação e as entidades e relações que se busca representar (MOREIRA, 1997[3]).
·         Relações que representam um estado específico, construído de uma maneira adequada ao processo sobre o qual deverão operar. (STAF11, 1996 em MOREIRA, 1997).
·         Nossas crenças sobre a rede de causas e 
efeitos que descrevem como um sistema funciona, (Sterman, 1994, p. 294 em Doyle e Ford,1998).
  Com base na literatura supracitada podemos perceber que, por ser uma representação de um aspecto mental, sócio-cultural-histórico construído, os modelos mentais jamais conseguirão representar fielmente o real, principalmente por estarem sujeitos a interpretações singulares dos indivíduos. Entretanto ele serve ao que se propõe, a captura do conhecimento do meio ao qual o homem está inserido.
 Neste contexto, e com base na literatura coletada neste paper sugere-se a síntese de modelos mentais como sendo:
Representação abstrata, subjetiva da realidade em forma de modelo, sujeita a desvios de interpretação devido a influências próprias da cultura humana, mas que nos permitem a maior aproximação do real.
Conclusão
A psicologia cognitiva e outras áreas com uma longa história de pesquisas sobre modelos mentais ainda necessitam de aprofundamentos referentes a concepções consensuais do que ele seja. A literatura utilizada para elaboração deste tema sugere que sua compreensão conceitual menos abstrata, intencionalmente empobrecida para permitir o descarte de variáreis irrelevantes ao contexto, pode nos permitir construir ciências do mundo de uma forma menos fragmentada possível.

Documentação
MARIN, Rafael. Modelos mentais e como as pessoas os usam incorretamente. Jan 2009. Artigo disponível em 11/04/2001 no site: http://rafaelmarin.com.br/modelos-mentais-e-como-as-pessoas-os-usam-incorretamente.
DOYLE, James K. , FORD David N. Mental Models Concepts for System Dynamics Research. Report No. 6 January 7, 1998
MOREIRA, Marco Antonio. Trabalho apresentado no Encontro sobre Teoria e Pesquisa em Ensino de Ciência - Linguagem, Cultura e Cognição, Faculdade de Educação da UFMG, Belo Horizonte, 5 a 7 de maio de  1997. Instituto de Física. Porto Alegre, RS, Brasil. Disponível 10/04/2011 no site: http://www.if.ufrgs.br/public/ensino/N3/moreira.htm#inicio


[1] MARIN, Rafael. Modelos mentais e como as pessoas os usam incorretamente. Jan 2009. Artigo disponível em 11/04/2001 no site: http://rafaelmarin.com.br/modelos-mentais-e-como-as-pessoas-os-usam-incorretamente
[2] O mesmo supracitado.
[3] MOREIRA, Marco Antonio. Trabalho apresentado no Encontro sobre Teoria e Pesquisa em Ensino de Ciência - Linguagem, Cultura e Cognição, Faculdade de Educação da UFMG, Belo Horizonte, 5 a 7 de maio de  1997. Instituto de Física. Porto Alegre, RS, Brasil. Disponível 10/04/2011 no site: http://www.if.ufrgs.br/public/ensino/N3/moreira.htm#inicio

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